Aos 24 anos, com câncer e desenganado pelos médicos, Ezequiel Saviolli fez o seu primeiro salto de paraquedasO Jovem Ezequiel Saviolli, de 24 anos, tetraplégico, desenganado pelos médicos após um diagnóstico de câncer, realizou um sonho na tarde do último sábado, em Campinas, quando fez o seu primeiro salto de paraquedas. Uma vontade que sempre existiu, mas que teve de ser colocada de lado por muitos anos. O salto deparaquedas foi uma de suas primeiras aventuras, e não podia ter sido melhor. Seu instrutor foi Paulo Assis, da Sky Radical, especialista em paraquedismo com quase 10 mil saltos. Foi ele, inclusive, quem realizou o primeiro salto acompanhado de um deficiente físico no Brasil, em 1997. Para o profissional, poder saltar ao lado de pessoas como Ezequiel tem um gosto especial. “Dá muita satisfação poder participar de um momento de superação. É sempre uma lição de vida que nos contagia muito.” Para encarar a queda livre e uma velocidade que pode chegar a 200 quilômetros por hora, as pernas de Ezequiel foram amarradas e tudo foi planejado para que ele pousasse sobre as pernas do instrutor. “Isso prova que o paraquedas é um esporte seguro e acessível para qualquer pessoa”, disse Assis. Ezequiel Saviolli salta com o instrutor Paulo Assis, da Sky Radical: alegria de poder realizar um sonho radical no céu de Campinas A irmã de Ezequiel, Kalina Saviolli, de 26 anos, também participou da aventura e saltou ao lado do irmão. Quando se preparava para entrar no avião, no Aeroporto dos Amarais, ela não segurou as lágrimas ao ver a alegria do irmão e sua superação. “Hoje é um dia especial. Ele sempre quis isso”, afirmou. A aventura dos filhos foi acompanhada passo a passo pela mãe, Pedrina Saviolli, de 46 anos, que cuida de Ezequiel em período integral. Ela contou que os médicos que já trataram do jovem afirmam que ele é um desafio para medicina. A fé da família e o amor depositado a ele podem ser o segredo da longevidade. “A família criou uma teoria: estamos nesse mundo para viver, sem questionar, sem se lamentar, apenas viver. E é isso que fazemos hoje. Toda a família vive como ele, como se hoje fosse o último dia de nossas vidas”, disse. E olhando para o céu, após 30 minutos de espera até o salto, Kalina e Ezequiel surgem por entre as nuvens em seus paraquedas, para alegria de Pedrina, que curtia cada segundo, imaginando o que seu filho estava sentindo naquele momento. Poucos minutos depois, a aterrissagem foi um sucesso e aconteceu conforme o planejado. Com a adrenalina lá em cima e em estado de êxtase, Ezequiel contou os detalhes do voo, desde a saída do avião, a passagem pelas nuvens e o sentimento de ter realizado o sonho. “Todos podem e devem fazer isso pelo menos uma vez na vida”, disse, já pensando em uma próxima aventura. “Agora eu quero asa delta.” Com outros passeios planejados, Ezequiel resumiu seu estado atual e disse não se preocupar com o futuro. “Quero fazer essas aventuras até quando puder”. A doença A história de Ezequiel poderia ter tido um ponto final em 1994. Aos 6 anos, após passar por uma cirurgia para a retirada de um tumor na medula espinhal, ele ficou tetraplégico. Dois anos depois o câncer voltou, dessa vez em três nódulos da medula. Depois de outras três cirurgias, e pesando apenas nove quilos, foi desenganado pelos médicos quando outros seis tumores apareceram. Nesse momento, os pais do garoto resolvem mudar radicalmente de vida e dar ao filho mais uma chance. Foi aí que deixaram Paulínia e se mudaram para uma fazenda no Mato Grosso, em busca de melhor qualidade de vida. Cercado pela natureza, Ezequiel conseguiu, milagrosamente, vencer sozinho o câncer, sem tratamentos quimioterápicos e sem estar em uma cama de hospital. Debilitado e com um problema pulmonar, viu a doença desaparecer. Começou a estudar e pensar no futuro. De volta a Paulínia, no ano de 2007, concluiu um curso de Eletrônica pelo Senai e foi provando que era capaz de tudo o que ele queria. Cadeira de rodas nenhuma foi capaz de barrar a perseverança e vontade de viver de Ezequiel. Conseguiu um emprego de vendedor e passou a conquistar sua independência. Mas foi em 2009 que fortes dores o fizeram voltar ao hospital e receber mais um diagnóstico. O câncer tinha voltado, dessa vez, ainda mais agressivo. Em meio a tratamentos e doses cavalares de remédios, em novembro do ano passado a família foi comunicada sobre o seu delicado estado de saúde. Mais uma vez foi desenganado. Apesar da dor que envolveu a família, o jovem também recebeu a notícia sobre sua saúde. Foi neste momento que ele fez apenas um pedido para sua mãe: queria poder curtir ao máximo sua vida praticando esportes radicais. Para conseguir pagar as custas de tratamentos e mudanças de casa, além de conseguir realizar os sonhos do filho, a família já vendeu uma casa e está disposta a fazer ainda mais para que Ezequiel realize tudo o que sempre quis. “A vida inteira trabalhamos, conquistamos, fiz quatro cursos de teologia, tenho diplomas, mas nada me ensinou como ensina o meu filho”, disse a mãe. Ezequiel superou, voou e provou que não há nada mais importante do que viver como se não houvesse o amanhã. |
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
TETRAPLÉGICO REALIZA SONHO DE SALTAR DE PARAQUEDAS
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